quinta-feira, 23 de março de 2023

Ausência e as vantagens de ser invisível na web e quem sabe na vida

 Muito tempo sem postar e vez em quando venho aqui reler alguma coisa. O blogue se tornou um diário, ou anuário, do jeito que eu não posto nele, algo que só ficou meio que restrito a mim, mas que periga ser visto por qualquer pessoa. Quem sabe?

Aquela vontade de ir desaparecendo de va gar zi nho pra ver se ninguém repara mesmo, e quando viu não estou mais aqui ainda me visita. Anos de terapia e esta não desgarra, apenas ficou como algo que se vai adiando indefinidamente como se espanta moscas, até que acaba tudo mesmo. E com a idade as mazelas se acumulam, pequenas, médias e não tão pequenas. E a determinação genética se impõe com maior força Ainda. O câncer da tia e da avó (não, até agora não se manifestou nada, ao que se saiba), as questões com a tireoide da mãe e da irmã - esta sim, exigindo uma atençãozinha. A tal da pré-diabetes que não sei daonde veio, mas veio. 

A partir disso vem uma gana por estar viva que eu sei lá também de onde veio, que doido isso... Se tudo é estranho e a vida é de certa forma - e não totalmente - algo penoso, porque este apego súbito, agora? Vai entender o que passa na cabeça, mais especificamente na minha. Já desisti. Descontando-se o percentual de dramaticidade e certo (com certeza) sentimento de vitimização que a terapia também ainda não varreu, a nuvenzinha que me acompanha não é assim tão tempestuosa. But, however, tem um mecanismo embutido acionado por gatilhos (alguns detectados, outros não) que fazem a tempestade se avolumar ou ser mais recorrente.

Não sei se esgotei o assunto, por hora sim. Caso não, volto aqui pra pensar mais. 

domingo, 5 de setembro de 2021

Ex-estranhos de Paulo Leminski


 Leminski, curitibano, virginiano, poeta, escritor, tradutor. Viveu 45 anos e morreu muito jovem, de cirrose hepática. No meio deste resumo curtíssimo e que com certeza não o traduz em nada, vivia e escrevia com uma intensidade tal que tornou muito maior sua passagem pelo planeta.
Traduziu seus sentimentos de amor, dor, alegria e ansiedade de uma maneira tal que reflete, como um espelho, sentimentos de muitos, e isto o torna de certo modo eterno. Paulo vive nas músicas que fizeram a partir de seus poemas, nos haicais que lemos sem querer por aí, às vezes sem nem saber que são dele.
E nos reconhecemos, e é sempre muito bonito ver alguém que transforma angústia em arte. Porque torna possíveis, quem sabe, outras transformações. A poesia sempre vai ser um alento e felizes aqueles que conseguem perceber isso. 

Texto de Ademir Assunção, sobre os últimos poemas (e tempos) de Paulo Leminski
http://www.elsonfroes.com.br/kamiquase/ensaio7.htm
Bem no fundo
No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

“Um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegasse atrasado
andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha
ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra”


domingo, 29 de março de 2020

Este não é um post #goodvibes - pero que...

(imagem do facebook)

Março de 2020  e percebo no ar a efervescência de  novas "teorias".  
Enquanto dados específicos são divulgados, e sabemos que são subestimados sim, venho observando as diversas formas de enfrentar este momento histórico, por parte das pessoas, nas #redessocias. Porque é a fonte de que disponho no momento, e, claro, o crivo é apenas meu. #fiqueemcasa
Uns disseminam vídeos e textos que misturam realidade com aventações* que chegam a ser delirantes, visões de apocalipses e que sim, de certa maneira têm motivo para isso sim, porque estão de fato se sentindo acuadas e as redes sociais são o meio que encontram para expressar o que sentem e encontrar ecos. 
Outros tecem realidades romantizadas, aguardando mudanças profundas no ser humano a partir da experiência que está vivenciando, e que uma nova era irá surgir depois desta "limpeza planetária". 
[Será que só eu acho esta ideia cruel? E, revendo a história humana, e outras situações de catástrofes que já aconteceram, será que se observou uma tão grande evolução, posteriormente?]
Outros ainda vociferam contra quaisquer forma de cuidado que possa interferir no andamento da economia nacional, inventando mitologias diversas, estapafúrdias mesmo, e retuitando-as mil vezes, porque "uma mentira retuitada mil vezes torna-se verdade".
[Muuuuuuu]
Em meio a isto tudo, aqui estamos nós tentando estabelecer formas de viver o confinamento sem sofrer  mais que o necessário, aprender algo com isso, tentar levar o aprendizado para a vida e, quem sabe, ajudar alguém no caos. E é muita coisa. Há ações que podemos fazer sem sair de casa, na medida de nossas possibilidades, por exemplo apoiar quem realmente não está conseguindo dar conta. Aqui na cidade estão acontecendo várias iniciativas bacanas, e estão sendo divulgadas. Penso que em todas as cidades do país isto está ocorrendo. População em situação de rua, comunidades mais carentes...Mesmo sendo com pouquinho dinheiro ajuda, mesmo. Um vizinho que está com mais dificuldades. Apoiar a arte, porque artista também come e precisa pagar contas. Não se trata simplesmente de caridade, é de fato pensar que estamos sim juntos neste momento. 
Com relação a nós mesmos, e remetendo à figura que ilustra o post, refletir a respeito de ações relativas a nós mesmos, nossos pensamentos, a maneira como nos posicionamos diante da crise, desta crise. E que pode ser transposto para crises em geral. Com reação ao verbo "agradecer", vejo-o não exatamente como um "agradecer ao mal em si", mas agradecer ao aprendizado decorrente deste mal". 
Tudo na vida são intenções e proposições. Se é para nós nos propormos a alguma coisa, que ao menos seja algo bom... Alcançar é um patamar acima, que podemos conseguir, ou não. Mas precisamos dar o melhor de nós, e depois considerar que, naquele momento, fizemos o possível, na medida que éramos capazes naquele momento.
Este não é um post #goodvibes, embora pareça muitíssimo. 

*Sobre a palavra aventações - que não existe, mas:
Falar hipoteticamente sobre algo. Considerar uma possibilidade.




sexta-feira, 27 de março de 2020

Pseudo normalidade (em tempos de pandemia)

Não tem como não falar dos 2 assuntos mais debatidos no momento: coronavírus e aquele que não se deve nominar, o que está esfacelando o país de formas nunca vistas nos últimos séculos, e espezinhando o povo. Difícil adivinhar??? Humm, se a resposta é sim, não sei não. Definitivamente não gostaria de passar o recreio com você - #nãosouobrigada

Mas então, em época de pandemia crescente o correto é o confinamento geral, correto? Correto.
Menos para um ente abstrato, mas que detém o poder de estar acima da saúde e do bem estar da população: a economia.

O argumento é o de que o país vai "quebrar" caso continue tudo parado, e as pessoas em suas casas. Mesmo argumento, aliás, utilizado pelo governo italiano. E sabemos qual foi o resultado do raciocínio "brilhante" deles  :(

Ainda, o "capitão" desta nave desgovernada, aos 65 anos e, portanto, pertencente ao grupo de risco, minimiza a questão de que idosos irão morrer e ignora a possibilidade de morte de inúmeras outras pessoas, que não conseguirão atendimento. Os números atuais já são preocupantes, e nem correspondem à realidade, já que nem todos são testados. Haverão mortes atribuídas a pneumonia ou outras questões respiratórias relacionadas ao covid19, alguém duvida?

Quem da sua família pode morrer para a economia não parar? Quanto vale uma vida? Fica a pergunta em suspenso.

quinta-feira, 26 de março de 2020

#convinamentocovid19 ou #fiqueemcasa

Redescobri o blog.
Mentira, procurei o blog por pura necessidade de escrever, quem sabe dividir -  confinamento é Freud.
Agora dei uma passada rápida nos posts anteriores e realmente não entendi os meus penúltimos, enormes e em espanhol. O que teria me passado na cabeça. Depois leio, com certeza não foi atoa, correspondeu a algo importante para mim na época. {[de toda forma deletei, nem eu quis ler de novo]}
2017............2020

Não pensava realmente em retomar o blog.

Bem. Neste dia 26 de março, que oficialmente é o décimo da quarentena, mas o décimo segundo meu. Dois dias fazem diferença neste caso. Ainda não cheguei no ponto em que horas vão fazer diferença, mas compreendo que este momento pode chegar e que tenho de encarar isso com o máximo de... serenidade que puder. Não sei se é a melhor palavra, ou o melhor sentimento, não sou boa em previsões, felizmente, senão a ansiedade seria bem maior. Ou não, como saber?
Ontem, após o pronunciamento esquivo do nosso (não é meu presidente!) governante, isentando-se de quaisquer das consequências do coronavírus, que vão ocorrer, é obvio e não preciso ser vidente pra saber isso. Além de isentar-se colocou qualquer culpa nas mãos de governadores e prefeitos.
Mas então, ontem tive um dia praticamente inútil, e de torpor, na verdade parecia a princípio que ele tinha imposto o retorno imediato de todos às atividades, em nome da economia.

Fecha parênteses.

Tenho procurado ocupar  os dias, de forma a me agregar alguma coisa a minha vida, sinto a necessidade de carregar algo de bom disso daqui. Isso é muito meu, rs
Este foi um post pesado. Bela maneira de recomeçar, hein?

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Urban Trash Art




Rodrigo e Pado, dois artistas que utilizam lixo urbano para produzir suas peças.

https://sustentabilidadesocial.wordpress.com/about/

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

"Você tem medo, ou é verdade?" (um mero exercício literário...)


(Mas sim, percebo o quanto pessoas  assim são como um abismo: você encara o abismo, o abismo te encara.)


Determinado tipo de pessoas são abismos
Você encara o abismo, o abismo te chama
E mesmo quando você dá as costas e caminha em sentido inverso ao abismo, ele continua ali

A premência do abismo resiste, lhe ocupa a mente como se ainda ocupasse sua visão

Quando e se somos nossos próprios abismos, como é difícil fugir ao fascínio de nos atirarmos pra fora de nós!
Controvertido, controverso, contra o verso...

 “Olhe para fora e sonhe. Olhe para dentro e desperte” (Carl Jung)





Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.

Friedrich Nietzsche


NOTA: Sobre abismo, a palavra
substantivo masculino

Significado de Abismo
Precipício profundo; despenhadeiro, profundidade insondável: a estrada serpenteava por entre abismos.
Sorvedouro, voragem.
[Figurado] O oceano.
O que divide, separa profundamente: um abismo separa as duas mentalidades.
O extremo, o último grau: um abismo de perversidade.
Desastre, ruína: a empresa está à beira do abismo.
[Figurado] O caos, as trevas, o inferno.

Sinônimos de Abismo
Abismo é sinônimo de: escuridão, declínio, decadência, caimento, mistério, ruína, despenhadeiro, barranco, abisso, profundeza, precipício, eversão, queda

Definição de Abismo
Classe gramatical: substantivo masculino
Flexão do verbo abismar na: 1ª pessoa do singular do Presente do Indicativo 
Separação silábica: a-bis-mo
Plural: abismos 


OUTRAS INFORMAÇÕES SOBRE A PALAVRA
Possui 6 letras
Possui as vogais: a i o
Possui as consoantes: b m s
A palavra escrita ao contrário: omsiba

domingo, 29 de outubro de 2017

Dear Friend

Paul McCartney- Dear Friend


Inicio esta postagem sem saber exatamente por onde, nem aonde exatamente vai dar. É sobre os outros mas também sobre mim, minhas incoerências, minhas certezas e minhas pretensões. (Sei que) É de incertezas que a vida se faz, e é necessário nos acostumemos e até conformemos com este seu aspecto. 
(Mas) Penso que é triste quando a gente se propõe a ouvir alguém, e o que está pessoa tem a dizer é especialmente cortante, porque de alguma maneira ressoa de forma estranha em ti. E percebe que não está capacitada, por uma série de questões anteriores, e ainda percebe também que esta pessoa não, não deseja de modo algum te ouvir. Ela não quer ou não consegue, não vem ao caso. 
E ainda quantas pessoas existem por aí em situação igual ou pior. E sim, não há o que fazer. Você apenas precisa agora pensar egoisticamente em se preservar.
Aí você se percebe falha e impotente, e isto meio que te irrita, pois que no fundo há em ti uma prepotência que a fazia julgar-se alguém capacitada a este tipo de auxílio, não sabe porque cargas dágua. Mas não, você é apenas um ser como qualquer outro, navegando na incerteza e prenhe de angústias, como qualquer outro. Talvez um pouquinho pior, apenas.

"Você tem medo, ou é verdade?"
Mas sim, percebo o quanto pessoas  assim são como um abismo: você encara o abismo, o abismo te encara. 

sábado, 14 de outubro de 2017



Peter Gast

Caetano Veloso
  
Sou um homem comum 

Qualquer um 

Enganando entre a dor e o prazer 
Hei de viver e morrer 
Como um homem comum 
Mas o meu coração de poeta 
Projeta-me em tal solidão 
Que às vezes assisto 
A guerras e festas imensas 
Sei voar e tenho as fibras tensas 
E sou um 
Ninguém é comum 
E eu sou ninguém 
No meio de tanta gente 
De repente vem 
Mesmo eu no meu automóvel 
No trânsito vem 
O profundo silêncio 
Da música límpida de Peter Gast 
Escuto a música silenciosa de Peter Gast 
Peter Gast 
O hóspede do profeta sem morada 
O menino bonito Peter Gast 
Rosa do crepúsculo de Veneza 
Mesmo aqui no samba-canção 
Do meu rock'n'roll 
Escuto a música silenciosa de Peter Gast 
Sou um homem comum

domingo, 24 de setembro de 2017

Eli Heil

Brincando de rodas e rodinhas - 1968

 Morro - 1963

Pássaro - 

http://www.enredoconteudocriativo.com.br/single-post/2015/04/27/Eli-Heil-e-sua-arte-libertadora-de-seres
http://eliheil.org.br/